Era uma vez uma garotinha chamada Lucie, que morava em uma fazenda chamada Littletown. Ela era uma boa menina – só que estava sempre perdendo seus lenços de bolso!
Um dia, a pequena Lucie entrou no quintal da fazenda chorando — ah, ela chorou tanto! “Perdi meu lenço de bolso! Três lenços de bolso e um alfinete! Você os viu, Gatinha Tabby?”
A Gatinha continuou lambendo suas patas brancas; então Lucie perguntou a uma galinha malhada—
“Sally Henny-penny, você encontrou meu lenço de bolso?”
Mas a galinha salpicada correu para um celeiro, cacarejando—
“Eu vou descalço, descalço, descalço!”
E então Lucie perguntou ao galo Robin sentado em um galho.
Galo Robin olhou de soslaio para Lucie com seu olho preto brilhante, voou por cima de uma escada e foi embora.
Lucie subiu no degrau e olhou para a colina atrás de Littletown – uma colina que sobe – sobe – até as nuvens como se não tivesse topo!
E bem lá no alto da encosta ela pensou ter visto algumas coisas brancas espalhadas na grama.
Lucie subiu a colina o mais rápido que suas pernas fortes permitiram; ela correu ao longo de um caminho íngreme – subindo e subindo – até Littletown estar logo abaixo – ela poderia ter jogado uma pedrinha pela chaminé!
Logo ela chegou a uma nascente, borbulhando na encosta da colina.
Alguém colocou uma lata sobre uma pedra para pegar a água – mas a água já estava transbordando, pois a lata não era maior que um copo de ovo! E onde a areia do caminho estava molhada, havia pegadas de uma pessoa muito pequena.
Lucie correu e continuou.
O caminho terminava sob uma grande rocha. A grama era curta e verde, e havia roupas – adereços cortados de caules de samambaia, com fileiras de juncos trançados e uma pilha de alfinetes minúsculos – mas nenhum lenço de bolso!
Mas havia algo mais – uma porta! direto para a colina; e dentro dela alguém cantava—
“Lírio-branco e limpo, oh!
Com pequenos babados no meio, oh!
Liso e quente – ponto enferrujado vermelho
Nunca aqui ser visto, oh!”
Lucie bateu – uma vez – duas vezes e interrompeu a música. Uma vozinha assustada gritou “Quem é?”
Lucie abriu a porta: e o que você acha que havia dentro do morro? — uma cozinha limpa e bonita com piso de laje e vigas de madeira — como qualquer outra cozinha de fazenda. Apenas o teto era tão baixo que a cabeça de Lucie quase o tocava; e as panelas e frigideiras eram pequenas, assim como tudo ali.
Havia um cheiro agradável de queimado; e à mesa, com um ferro na mão, estava uma pessoa muito baixa e corpulenta olhando ansiosamente para Lucie.
Seu vestido estampado estava arregaçado e ela usava um grande avental sobre a anágua listrada. Seu narizinho preto fungou, fungou, fungou, e seus olhos piscaram, brilharam; e debaixo de sua touca – onde Lucie tinha cachos amarelos – aquela pessoinha tinha ESPINHOS!
“Quem é Você?” disse Lúcia. “Você viu meus lenços bolsos?”
A pessoinha fez uma mesura: “Oh, sim, por favor; meu nome é Sra. Tiggy-winkle; oh, sim, por favor, sou uma excelente engomadora!” E ela tirou algo de um cesto de roupas e estendeu-o no cobertor de engomar.
“
“O que é aquilo?” disse Lucie – “esse não é meu lenço de bolso?”
“Oh, não, por favor, isso é um pequeno colete escarlate pertencente ao galo Robin!”
E ela passou a ferro e dobrou e colocou de lado.
Então ela tirou outra coisa de um cabideiro…
“Esse não é o meu lenço?” disse Lúcia.
“Oh, não, por favor, é uma toalha de mesa de damasco pertencente a Jenny Wren; veja como está manchada de vinho de groselha! É muito ruim de lavar!” disse a Sra. Tiggy-winkle.
O nariz da Sra. Tiggy-winkle fungou, fungou, fungou, e seus olhos piscaram, brilharam; e ela pegou outro ferro quente do fogo.
“Aí está um dos meus handkins de bolso!” exclamou Lucie – “e aí está o meu pinny!”
A sra. Tiggy-winkle passou a ferro, passou a mão e sacudiu os babados.
“Oh, isso é adorável!” disse Lúcia.
“E o que são aquelas coisas compridas e amarelas com dedos como luvas?”
“Oh, isso é um par de meias pertencentes a Sally Henny-penny – veja como ela gastou os saltos com arranhões no quintal! Ela logo ficará descalça!” disse a Sra. Tiggy-winkle.
“Ora, há outro lencinho de mão – mas não é meu; é vermelho?”
“Oh, não, por favor, esse pertence à velha Sra. Coelho; e cheirava a cebola! Tive que lavá-lo separadamente, não consigo tirar o cheiro.”
“Parece o meu”, disse Lucie.
“O que são aquelas coisinhas brancas engraçadas?”
“É um par de luvas da Tabby Gatinha; só preciso passá-las; ela mesma as lava.”
“Aí está meu lenço!” disse Lúcia.
“E o que você está mergulhando na bacia de goma?”
“São pequenas camisas pertencentes a Tom Titrato – particularmente terrível!” disse a Sra. Tiggy-winkle. “Agora terminei de passar; vou arejar algumas roupas.”
“O que são essas pequenas coisas macias e fofas?” disse Lúcia.
“Oh, esses são casacos de lã pertencentes aos cordeirinhos em Skelghyl.”
“Eles usam casacos?” perguntou Lúcia.
“Oh, sim, por favor, olhe para a marca de ovelha no ombro. E aqui está uma marcada para Gatesgarth, e três que vêm de Littletown. Elas estão sempre marcadas na lavagem!” disse a Sra. Tiggy-winkle.
E ela pendurou todos os tipos e tamanhos de roupas – pequenos casacos marrons de ratos; e um colete de moleskin preto aveludado; e um fraque vermelho sem rabo pertencente ao Esquilo Nutkin; e uma jaqueta azul muito encolhida pertencente a Pedro Coelho; e uma anágua, sem marcas, que se perdera na lavagem – e finalmente a cesta estava vazia!
Então a Sra. Tiggy-winkle fez chá – uma xícara para ela e uma xícara para Lucie. Elas se sentaram diante do fogo em um banco e se entreolharam. A mão da Sra. Tiggy-winkle, segurando a xícara de chá, era muito muito marrom e muito, muito enrugada com a espuma de sabão; e em todo o vestido e na touca, havia grampos de cabelo espetados nas pontas; de modo que Lucie não gostava de sentar muito perto dela.
Quando terminaram o chá, amarraram as roupas em fardos; e os lenços de bolso de Lucie foram dobrados e presos com um alfinete de prata.
E então elas acenderam o fogo com turfa, saíram e trancaram a porta, e esconderam a chave debaixo da soleira da porta.
Então desceram a colina trotando Lucie e a Sra. Tiggy-winkle com as trouxas de roupas!
Durante todo o caminho, pequenos animais saíram da samambaia para encontrá-las; os primeiros que eles conheceram foram Pedro e Benjamin Coelho!
E ela deu a eles suas roupas bonitas e limpas; e todos os bichinhos e passarinhos ficaram muito gratos à querida sra. Tiggy-winkle.
De modo que, no sopé da colina, quando chegaram ao degrau, não havia mais nada para carregar, exceto o pequeno embrulho de Lucie.
Lucie subiu a escada com o embrulho na mão; e então ela se virou para dizer “Boa noite” e agradecer à lavadeira – Mas que coisa mais estranha! A sra. Tiggy-winkle não esperou nem pelos agradecimentos nem pela conta da lavanderia!
Ela estava correndo correndo subindo a colina – e onde estava seu chapéu branco com babados? e o xale dela? e seu vestido – e sua anágua?
E como ela havia crescido – e quão marrom – e coberta de ESPINHOS!
Por que? A Sra. Tiggy-winkle não passava de um OURIÇO.