Como o Sapo Ganhou seus Hematomas

Era uma vez, há eras e eras atrás, quando o sapo tinha a pele lisa. Naquela época, ele adorava andar por aí. Nunca podia ser encontrado em sua própria casa. Se alguém fizesse uma festa, ele com certeza iria, não importava o quão longe de casa fosse, ou quanto tempo levasse para chegar lá.

Um dia, o sapo recebeu um convite para uma festa no céu. “Você nunca vai conseguir ir a essa festa”, disse o seu amigo, o tatu. “Você sabe o quão devagar você viaja aqui na terra.”

“Espere e veja se vou ou não à festa”, respondeu o sapo.

Não muito longe da casa do sapo vivia um grande urubu preto. Ninguém gostava do urubu. Ele era muito impopular entre todos os pássaros e animais. O sapo pulou até a casa do urubu. O urubu estava fora da porta, tocando seu violino.

“Bom dia, Amigo Urubu”, disse o sapo. “Você vai participar da festa no céu?”

O urubu respondeu que estava planejando ir.

“Que bom”, disse o sapo. “Posso ter o prazer de sua companhia para a viagem?”

O urubu ficou encantado de o sapo querer sua companhia. Era uma experiência nova.

“Ficarei encantado em ir à festa com você”, respondeu o urubu. “A que horas partimos?”

“Vamos sair às quatro horas”, disse o sapo. “Venha até minha casa e iremos de lá. Não esqueça de trazer seu violino.”

Pontualmente às quatro horas, o urubu chegou à casa do sapo. Ele trouxe seu violino, é claro, pois o sapo havia pedido.

“Eu ainda não estou totalmente pronto para ir”, o sapo gritou. “Deixe seu violino ali perto da porta e entre. Vai demorar apenas um minuto para eu terminar de me arrumar.”

O urubu colocou o violino cuidadosamente do lado de fora da porta e entrou na casa do sapo. O sapo pulou pela janela e se escondeu dentro do violino.

O urubu esperou e esperou o sapo terminar de se arrumar, mas não ouviu mais nada dele. Finalmente, cansado de esperar, pegou seu violino e foi.

Quando chegou à festa, ele estava um pouco atrasado, mas explicou que tinha esperado pelo sapo.

“Que bobagem esperar um minuto pelo sapo”, disseram os anfitriões. “Como o sapo poderia chegar a uma festa no céu? Nós só o convidamos como piada, porque ele gosta tanto de andar por aí. Deixe seu violino e venha para o banquete.”

O urubu colocou o violino no chão. Assim que ninguém estava olhando, o sapo saiu pulando de dentro do violino. Ele estava sorrindo de orelha a orelha. “Então eles acharam que eu não viria à festa! Que piada! Como eles ficarão surpresos ao me verem aqui!” ele disse.

Não havia ninguém na festa mais feliz do que o sapo. Quando o urubu perguntou como ele tinha chegado, o sapo disse: “Eu te conto outro dia.” E continuou comendo e dançando.

O urubu não aproveitou muito a festa. Decidiu ir embora mais cedo. Saiu sem se despedir dos anfitriões e sem levar seu violino.

Ao final da festa, o sapo pulou de volta para o violino e esperou e esperou o urubu levá-lo de volta para casa. Ninguém pegou o violino, e o sapo começou a ficar muito preocupado. Ele quase desejou não ter ido.

Depois de um tempo, o falcão notou o violino. “Esse violino pertence ao urubu. Ele deve ter esquecido de levá-lo para casa. Vou levá-lo de volta para ele”, disse.

O falcão voou em direção à terra com o violino. O sapo sacudia horrivelmente dentro do violino. Ele ficou muito cansado. O falcão também ficou cansado.

“Eu não vou carregar esse violino velho e pesado do urubu nem mais um minuto”, disse o falcão. “Fui tolo em oferecer para carregá-lo. O urubu não é meu amigo.”

Ele soltou o violino. Para baixo, para baixo em direção à terra o violino caiu.

“Oh, pedrinhas, oh, pedrinhas, saiam do meu caminho”, clamou o sapo enquanto ele caía. As pedrinhas eram surdas. Elas não saíram do caminho.

Quando o sapo saiu engatinhando do violino destruído, ele estava coberto de hematomas que mal conseguia pular para casa.

O urubu nunca soube o que aconteceu com seu violino ou por que o sapo havia perdido sua boa aparência. Até os dias de hoje, os sapos mostram seus machucados. E ele foi completamente curado de ser um andarilho.


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